quarta-feira, 28 de maio de 2014

Casinha azul.


- Oi? Você tá me ouvindo? É aqui mesmo. Achou? É daqui da casinha azul, lembra? Já faz tempo que você não vem, né? Quer dizer, já faz tempo que eu não te chamo. Eu sei que você não arromba portas, mas espera o convite. Por isso eu tô te chamando, vem? Tem um lugar aqui que é teu, você sabe, pode assumir, se quiser. Eu sei que você nunca saiu e que fui eu que te expulsei, mas volta? Eu já tirei a poeira, mas tem coisa por aqui que só você pode limpar, tratar, fazer de novo. Vem?  Desculpa se te tratei mal, se te ignorei quando você me procurou em meio ao corre-corre do meu dia, desculpa se te tratei como o pó mágico que resolve minhas pendências. Não foi pra isso que você veio. Não foi pra isso que você me escolheu. Por isso, vem cá, toma o teu lugar. Será que as pedras já clamaram por mim? Eu sei que você pode usá-las se quiser, mas se preferir alguém com a tua essência, teu sopro, teu potencial: vem cá; seja por mim, em mim, através de mim. Fica por aqui, essa casinha azul fica melhor com a tua presença. Fica em paz, sabe? Pode chover o que for lá fora, se você está aqui, tudo está em paz. Não quero ser como aqueles que te deixaram dormir no barco e esperaram a tempestade pra te acordar. Quero que você esteja aqui o tempo todo. Quero que você esteja na festa, no luto, no trânsito, nas férias, no quarto, no jantar. Não quero esperar a tempestade pra te acordar. Que desperdício seria não aproveitar você aqui pra te conhecer, te entrevistar, descobrir o que faz seu coração bater mais forte, o que te tira o ar, o que você acha das manchetes dos jornais. Não precisa ser complicado, não é? Você é simples. Tão real quanto tudo que me cerca, me envolve e me atrai. A gente não precisa falar só do que é chato, do que dói, do que foi ruim. A gente pode falar do que a gente gosta, de como foi o dia, de como o trânsito está ruim com essa chuva. Agora eu sei. Me desculpe se te teorizei demais ou se te elevei a níveis tão altos que esqueci que você também está aqui, comigo e por mim, interessado no que vivo, no que vejo, no que sinto. Vem cá, fica aqui. Vamos conversar, vamos escrever cartas que curam, músicas que tocam além das notas musicais, vamos sair dessa casinha azul e conquistar o vizinho que perdeu o emprego, a moça que ainda não descobriu o verdadeiro amor, a criança que, sincera, olha pro céu e não entende. Me ajude quando eu for quem não entende, quando eu for quem explica, quando eu for quem não deve entender. Fica aqui e me ensina. Ou só me abraça. Não preciso entender o que você faz, só preciso aceitar o teu amor. É isso, não é? A-m-o-r? Agora eu sei que tudo é simples assim: é amor. Por isso você voltou e por isso não demorou: porque já estava esperando na porta. Você já sabia que era aqui. Só faltava o convite. Então, vem e toma o teu lugar. Não precisa de formalidades, a casa já é tua. A casinha azul sou eu. Precisando de reparos, vazia que só se não tem você. Pode entrar. Não repara a bagunça, mas repare do teu jeito, como você achar melhor. Põe tuas flores na janela, pinta minha fachada com a tua cor, reconstrói, faz de novo, toma o teu lugar. A casa é tua, pode começar.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Aquele que sabia o que estava fazendo te fez.


Quando foi a última vez que você olhou no espelho e gostou do que viu? Qual foi a última vez em que uma atitude sua te orgulhou ou que um passo seu te deixou feliz por estar na direção certa? Somos humanos. Confusos, indecisos, medrosos e com bolsos cheios de interrogações. Somos humanos. E não é todo dia que o nosso cabelo agrada, que nosso o sorriso é verdadeiro, que a nossa personalidade se parece com aquela que gostaríamos de ter ou com a de alguém que gostaríamos de ter por perto. Somos humanos. Somos carrinhos em montanhas-russas de sentimentos, em um dia tão próximos do céu que é somente levantar as mãos para tocá-lo e em outros tão próximos do chão que o céu parece impossível. A boa notícia em meio à tanta confusão que pode ser a nossa vida nesse mundo no qual estamos mas não pertencemos é: alguém que sabia o que estava fazendo nos projetou. Alguém que sabia o que estava fazendo te entregou cabelos loiros ou castanhos ou ruivos, te escolheu para morar onde você mora, na família em que você está. Alguém que sabia o que estava fazendo permitiu que você viesse ao mundo com esses medos de estimação, com esse pé atrás em tudo o que envolve entrega, com esse espírito questionador que às vezes te tira a paz. Alguém que sabia o que estava fazendo te fez. É essa boa nova da criação: alguém te amou antes que você parasse para pensar nele e amá-lo em troca; alguém, por te amar tanto, sonhou com você, com o dia em que você reconheceria o que é e se tornaria tudo o que foi sonhado para ser. Dores, inquietações, medos, corações partidos, anseios: nada foge desse sonho, nada foge do projeto daquele que sabe o que faz. 
Se o seu fardo é pesado, é porque ele sabe que pode aliviar no momento em que você o entregá-lo. Se o seu coração se cansa mais vezes do que você pode suportar, é porque ele sabe que pode soprar nele um novo fôlego de vida. Se suas esperanças estão esgotadas, se sua força virou fraqueza, se o vaso que você era um dia se quebrou e só restou cacos espalhados pelo chão, é porque ele sabe que pode te renovar, fortalecer, refazer, quantas vezes forem necessárias. Se você parece mais um barquinho de papel em meio à tempestade, é porque ele sabe que pode ordenar que as águas se acalmem e te levar seguro à um lugar bonito. Se seus dias são guerras contra a tristeza, contra o desânimo, contra a falta de amor e até contra você mesmo, é porque ele sabe que tem a paz que você precisa. Se você tem erros, sujeira e cicatrizes, é porque ele sabe que pode perdoar, limpar, curar, apagar.
Todos os cantos escondidos da casa, os medos guardados embaixo do tapete, os baús com passados conservados, as paredes falsas construídas para enganar aqueles que só veem por fora: nada, nada passa desapercebido por aquele que sabia o que estava fazendo quando te fez. Nada passa desapercebido pelos olhos daquele que vê por dentro, vê por inteiro, vê com os olhos de quem tem todo o poder para tratar, aliviar, fazer transbordar de paz.
É difícil entender que alguém que nos ame tanto nos permita passar por tanta coisa, mas uma coisa é certa: nada foge do seu campo de visão. Nada que te atinja pode ser maior do que aquele que te planejou. Nada que te aflija pode ser maior do que a paz que ele traz. Nada que te assole pode ser maior do que a força que ele te dá para suportar. A boa nova de que Cristo nos amou e sonhou conosco é um convite para abandonarmos a nossa natureza humana que nos faz querer entender, questionar, perguntar algo com base na nossa visão limitada, para aceitarmos a nossa condição de filhos de Deus, filhos de um Pai que governa o mundo e tem todo o conhecimento.
Ao invés de reclamar, questionar e nos tornarmos filhos ranzinzas, vamos aprender. Vamos estender as mãos e permitir que Deus nos use de acordo com aquilo que aprendemos em nossas aflições. É esse o plano. Aquele alguém que sabia o que estava fazendo quando te fez, te fez para nada mais e nada menos do que espelhar a glória dele. Assim, do jeito que você é, com as suas dores, com os seus erros, mas com a força dele trabalhando em você, por meio de você, com você. Há um plano para você, e é tão mais fácil confiar nesse Pai que sabe o que faz do que querer brigar com o mundo; é tão mais fácil se permitir ser usado para transformar as pessoas ao redor por meio daquilo que somos.
Você tem um propósito. Seja encorajado. Seja o sonho que Deus sonhou para você. Há algo que só você pode fazer, há um lugar aonde só você pode chegar, há corações que precisam ser alcançados pela sua palavra. Se você não fizer, as pedras farão por você. Mas não será mais fácil e prazeroso largar o sofá e entregar os dias ruins nas mãos daquele que sabe o que faz? Não será mais fácil aceitar que seus erros e seus defeitos e toda a massa escura que vez ou outra suja seu coração, não impede que Ele te ame? Fica o convite: a próxima vez que se olhar no espelho, olhe com os olhos daquele que te criou. Toda vez que tiver que ser você, seja de acordo com os planos daquele que te criou. Aquele que sabia o que estava fazendo quando te fez, te fez você. Então seja. Você.

"Em se tratando de ser você, você foi feito para o papel. Então diga suas falas com segurança."
(Max Lucado)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A canção do deserto.


Se um deserto não te parece ser um dos melhores lugares para estar, imagine então ter que passar quarenta anos. Imagine olhar pros lados e só enxergar areia, ter os pés queimando e as pernas cansadas de tanto andar. Imagine crianças chorando, pedindo colo, correndo para o lado errado. Imagine não ter muito o que fazer além de andar e imaginar a vida fora dali. Imagine vagar pelo deserto sem enxergar seu fim, sem entender o motivo por ter sido levado para lá, sem questionar porque não ter seguido o caminho mais fácil ou mais rápido.
As coisas poderiam ser mais simples se soubéssemos que Deus estava guiando, que não faltaria alimento, que durante o dia haveria sombra e durante a noite luz e calor; se soubéssemos que nada foge do controle do Deus que é o mesmo que nos guia e tem todo o conhecimento. Se soubéssemos que todo o trabalho que precisávamos ter era seguir a nuvem e a coluna de fogo, e chegaríamos salvos na terra que foi prometida.
O povo de Israel sabia, e as coisas não foram mais fáceis por isso. Por quê? Porque eles não entendiam e quando a gente não entende, a gente tem a mania de querer exigir explicações e soluções para problemas que não seriam problemas se nós soubéssemos descansar. É isso: eles não souberam descansar, não souberam fazer calar seu espírito questionador, não souberam ficar quietos, aproveitar o momento com Deus e ouví-lo.
Havia um Deus. Havia um plano. Havia uma terra prometida. Mas eles não souberam confiar. E por isso quiseram brigar com Deus, voltar a ser escravos, construir deuses por suas próprias mãos. E assim, muitos ficaram pelo meio do caminho e não viram aquilo que lhes era preparado. Havia outro caminho, mas era um caminho de guerra e Deus sabia que eles não estavam preparados. Seria mais rápido, mas levaria à destruição. Deus preferiu o deserto, porque antes de ir para a guerra, a gente precisa aprender a lutar. Deus queria que o povo passasse pelo deserto para conhecê-lo, para que quando fosse a hora de lutar, eles pudessem confiar sem medo que Deus tem mesmo poder e estaria com eles por onde quer que eles fossem. Deus tinha saudades daquele povo, tinha segredos para contar, tinha vasos de barro para moldar. Deus tinha um plano para o deserto.
Às vezes agimos como o povo de Israel, achamos que o nosso deserto demora demais a passar, ficamos inquietos em nossa ansiedade, procuramos meios de resolver tudo do nosso jeito. Mesmo que saibamos que no deserto também há Deus, e por isso mesmo, paz, deixamos nosso coração turbulento falar e esquecemos que o deserto é tempo de aprender, de deitar no colo de Deus e deixá-lo falar, de olhar para a nuvem e seguí-la. Se fosse para lutar, Deus os levaria para o caminho da guerra, mas era a hora de aprender, de se fortalecer, de andar lado a lado com Deus e conhecê-lo. Deserto é tempo de descansar e se preparar para a guerra. No deserto Deus provê a comida, a sombra e a luz, tudo a seu tempo. Há tempo de deserto e tempo de guerra. Tempo de aprender e tempo de lutar. Seu deserto tem alguma coisa a te ensinar, talvez seja a hora de ficar em silêncio e seguir a nuvem e a coluna de fogo. Talvez seja a hora de abraçar Deus feito uma criança que não sabe onde está nem para onde ir e ainda é pequeno demais para descobrir o motivo de estar ali. Talvez seja a hora de parar de tentar construir caminhos alternativos e confiar em quem está com você e por você. Do seu lado. Lutando por você, enquanto você é fraco demais para enfrentar uma guerra.
Há um lugar para chegar e há alguém que te levará em segurança e abrirá o mar para você passar se for preciso. Deus te levou para o deserto porque não queria te ver escravo. Escravo dos seus medos, das suas inquietações, do seu passado, das interrogações que vez ou outra batem no teu rosto e te fazem questionar quem é Deus e onde está o seu poder. Ele te levou para o deserto para te tratar, para curar feridas, para te fazer livre e mostrar a sua glória. Nem sempre vai fazer sentido para você, nem vai ser fácil entender. Mas você pode escolher confiar. Pode aproveitar o deserto, esse tempo em que é só você e Deus, para conhecê-lo. Você pode estender uma rede e aproveitar a sombra que Ele te dá. E descansar, recarregar o coração, renovar as forças, alimentar a alma.
Pode parecer piada falar em descansar no deserto, porque é sempre muito difícil calar nosso coração angustiado. Cantar no deserto também não é fácil porque a boca seca, os pulmões perdem o ar, o espírito desanima. Mas Deus nos chamou para a loucura. Deus nos convidou a ter bom ânimo em meio às aflições porque Ele venceu o mundo. E para quem já venceu o mundo, atravessar um deserto com você e vencê-lo, é fácil. Para você, não é fácil nem indolor atravessar um deserto, mas é desafiador passar por ele cantando, confiando em alguém que você não vê, mas ouve, sente, respira.
Deus vai cantar com você. Há uma canção no deserto e é Deus quem canta. É Ele quem diz que você pode confiar, porque a terra prometida está logo ali. É Ele quem canta para calar seus medos, para aumentar sua fé, para te fazer chegar mais longe. Você pode tampar seus ouvidos e vagar sozinho, ou você pode parar para ouvir. E cantar com Ele. A canção do deserto também é uma canção de amor, é sobre alguém que te ama a ponto de preferir passar com você por esse deserto a te deixar numa guerra que você não pode vencer. A canção do deserto é sobre um Deus que quer passar um tempo com você. E às vezes só no deserto a gente pára para ouvi-lo e senti-lo e lembrar que Ele não nos esqueceu. Talvez seja a hora de parar, de olhar para cima, de deixar de lado sua vida agitada, esquecer o trânsito, a chuva, as buzinas ensurdecedoras, e ouvir a canção. A canção do deserto é a mesma da terra prometida e a mesma da cruz: é sobre um Deus, um povo e uma promessa. É sobre amor, você pode ouvir? 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Jesus em minúscula.


"Deus, onde você está? Está na hora de aparecer, de mover uma montanha, fazer o tempo parar, abrir o mar, curar um cego. Cadê seu poder? Onde foi parar o milagre? Você não viu que ontem eu chorei? Onde você estava?" Em algum momento essa foi a minha oração, e talvez tenha sido a sua, ou ainda vá ser. Não sei. Mas hoje eu encontrei Deus. De novo. E Deus me abraçou. Onde ele estava? Aqui. O tempo todo. Dentro de mim. Por que eu não enxergava? Estava cega. Procurando grandes sinais. Esperando vê-lo em outras vidas, vê-lo solucionar problemas grandes pelos quais eu nunca precisei passar. E ele estava aqui o tempo todo. Agindo quietinho, sorrindo enquanto eu o procurava, abrindo meus olhos pra tudo aquilo o que acontece todo dia. O tempo todo. Co-ti-di-a-no, a boa notícia é que Deus também está por lá. Ou por aqui. 
Seu carro bateu, ninguém se feriu, você agradece. Por que não lembrar das inúmeras vezes em que seu carro não bateu? Você ficou doente, e depois curado, e agradeceu. Por que não agradecer por todos os outros dias em que seu corpo levantou da cama com disposição para enfrentar o dia? Costumamos pensar que Deus está no grande, no fácil de ver, nos terremotos nas prisões. E ele está. Mas não só lá. Ele está aqui, aí, em todo o lugar. 
Precisamos ser sensíveis. Precisamos encontrar com Deus todos os dias. E sermos abraçados. Confortados. Ele está aqui. Não está longe. Não está esperando o furacão acontecer na sua vida para começar a operar. Ele está agindo no dia-a-dia, te livrando, colocando sorrisos no seu caminho, ajeitando os ponteiros para que você chegue ao ponto de ônibus alguns minutos antes de passar o ônibus que te levará em segurança ao seu destino.
No início pode ser difícil, como olhar na escuridão, mas depois o olhar acostuma e a gente consegue ver. Meio disforme, sem jeito, mas está lá. É assim com Deus. Parece difícil encontrá-lo quando nenhuma tempestade precisa ser acalmada, mas ele está lá. Meio sem jeito do Deus que às vezes a gente espera que ele seja: o Deus das grandes coisas. Eu descobri, olhando no escuro, que o Deus das grandes coisas é o mesmo Deus das pequenas coisas. Quando enxergo Deus ao encontrar o sapato que queria após entrar em todas as lojas e nenhum servir no meu pé ou quando consigo falar com alguém que há muito tempo não falo, o imagino sorrir para mim. E sorrio. Porque o enxerguei no trivial. 
Precisamos aprender a ver Deus quando for difícil, quando "milagre" parecer coisa que só acontece na Bíblia, há muitos anos atrás, quando Jesus passava por aqui. Precisamos entender que os milagres acontecem. O tempo todo. Feito terremoto, mas também feito o bater de asas de uma borboleta. Porque Jesus ainda está aqui. Não apenas conosco, mas dentro de nós, nos fazendo de habitação. E é aí que o milagre começa. Quando Jesus deixa de ser o cara que "está aí", "por aí", "em algum lugar fazendo coisas grandes", para ser aquele que "está aqui", "aqui comigo", "aqui cuidando de cada detalhe da minha vida". Milagre não tem tamanho. Milagre tem o endereço da sua necessidade. Seja uma cura, uma causa impossível ou qualquer outra coisa que pareça digna da atenção de Jesus; ou seja apenas um sapato, ou que você chegue no horário certo para fazer aquela prova importante, ou que não chova enquanto você não chegar em casa ou qualquer outra coisa pequena o suficiente para te fazer entender que o Jesus da multiplicação, de fazer o coxo andar, de ordenar que as águas se acalmem, é o mesmo que se importa com cada detalhe da vida que ele te entregou. Por menor que seja pra você. Não é pequena coisa pra ele.
Entrega total é isso: entregar cada milésimo de segundo do seu dia. Dizer "olha, Deus, não é grande coisa, mas é o que eu tenho hoje, você consegue manifestar o seu poder com isso?" A boa notícia é que ele consegue. Você só precisa estar sensível, estar disposto a ver, estar entregue, estar ansioso para vê-lo em minúscula e não ter tempo para duvidar que é real. Jesus é real. Mesmo em minúscula, ele é grande. E é grande por isso: por ser grande o bastante para agir nas nossas pequenas coisas, no "menos importante", no que ninguém viu. Deus te deu "bom-dia" hoje, você viu? 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uma cidade sobre a montanha.


Uma cidade edificada sobre uma montanha, daquelas que não se pode esconder. Por mais que as luzes estejam apagadas, os portões fechados e ela tenha um ar sombrio abandonado: ela está lá. E as pessoas a veem, sabem que ela existe, que é uma cidade, ainda que calada, escura e sem movimentação. A cidade continua lá. Nós continuamos lá. Por que tão alto? Por que tão visível? Por que não no litoral, perto de alguma praia deserta, visitada apenas por alguns poucos turistas e em determinadas épocas do ano? Por que? Porque precisamos ser vistos.
Estamos numa montanha porque precisamos ser vistos. Não para nos exibirmos. Mas para exibirmos aquele que habita em nós. Estamos tão alto porque precisamos que nossa luz brilhe, que o som das nossas ruas alcance todos os quarteirões abaixo de nós, que a alegria que circula pelos fios de nossas casas chegue também aos nossos arredores e eletrize corações. Precisamos que vejam a cidade que somos, edificadas sobre um Cristo que todos os dias circula pelas nossas ruas e pelas nossas casas e pelas nossas veias. O mundo precisa que sejamos cidades com hospitais que curam, com amor, com perdão, com a paz que temos naquele que nos edificou; o mundo precisa que nossas praças festejem, dancem, cantem, celebrem todos os dias! Em meio aos dias claros ou em meio à tempestade, quando não houver nenhuma estrela no céu, quando a dor estiver cantando mais alto e abafando o canto dos pássaros. O mundo precisa ter vontade de estar conosco, precisamos mostrar a essência da nossa cidade e atrair os olhares, os passos, os corações. Precisamos construir mais casas, asfaltar as ruas, colorir as paredes, pendurar fitas nos portões, estender tapetes de boas-vindas, precisamos crescer. E vamos. Vamos ser uma cidade que cumpre com o papel daquele que nos planejou. Vamos chamar atenção porque brilhamos, porque temos alegria em nossas ruas, porque nosso canto alcança os quatro cantos do mundo. O mundo não precisa de cidades sombrias, frias, escuras, ele precisa de nós. Da nossa cidade e da rocha sobre a qual estamos. Não por nós, mas por aquele que nos chamou. Não pela nossa alegria, mas pela alegria que nos é dada. Não por onde estamos, mas por para onde vamos.